Gabriela Fonseca Abreu, Consultora Técnica

Consultora Técnica na Datamine, Gabriela é Engenheira de Minas e Geóloga com mais de 10 anos de experiência no setor mineral. Atua com geoestatística e avaliação de recursos minerais, sempre buscando integrar inovação, tecnologia e sustentabilidade nas operações de mineração.

Histórico Pessoal e Profissional

Como surgiu seu interesse pela mineração?
Meu primeiro contato com o setor foi através do meu irmão, que também é engenheiro de minas. Ele despertou minha curiosidade pela área e me inspirou a seguir o mesmo caminho. Ao prestar vestibular, escolhi Engenharia de Minas e decidi estudar em Ouro Preto, uma cidade com forte tradição mineradora, localizada no coração do Quadrilátero Ferrífero. Desde então, me apaixonei pela complexidade e relevância da mineração.

Como foi sua trajetória até chegar à Datamine?
Me formei em 2017 e comecei minha carreira com dois anos e meio de experiência em operações de mina, em uma região remota da Amazônia, em uma mina de bauxita. Depois disso, retornei a Minas Gerais e passei cinco anos trabalhando com minério de ferro, atuando nas áreas de engenharia de projetos, controle de qualidade e geologia. Foi na geologia que me aproximei da geoestatística e da avaliação de recursos minerais — e ali descobri minha verdadeira paixão. Desde então, iniciei uma segunda graduação em Geologia e um mestrado em Geoestatística. Em 2024, entrei para a equipe da Datamine como Consultora de Recursos Minerais.

Houve um momento marcante em que você teve certeza de que queria seguir na mineração?
Sim, durante meu primeiro estágio em 2014, atuei com Planejamento e Controle de Produção em uma grande mineradora. Tive uma visão clara de toda a cadeia de valor da mineração — do pit ao porto — e compreendi a complexidade estratégica do setor. Foi nesse momento que tive certeza de que queria fazer parte desse universo.

Atuação e Especialidade

Qual é sua área de especialização e como ela se aplica no seu trabalho atual?
Sou especializada em avaliação de recursos minerais, com foco em geoestatística e modelagem geológica. Uso esse conhecimento para apoiar os clientes na geração de modelos robustos e confiáveis, alinhados às melhores práticas técnicas. É uma área onde geologia e estatística se complementam para transformar dados em decisões.

Como você explicaria seu trabalho para alguém que não conhece o setor de mineração?
Eu ajudo as empresas mineradoras a entender o que existe abaixo da superfície — como os teores e os tipos de rocha estão distribuídos — a partir de dados de sondagem e ferramentas avançadas de software. Esse conhecimento é essencial para o planejamento, segurança e tomadas de decisão relacionadas aos recursos minerais.

O que você mais gosta no seu trabalho?
Gosto de resolver problemas complexos e ver como meu trabalho influencia diretamente decisões reais no setor mineral. Saber que uma estimativa de recursos pode definir uma estratégia de produção ou um plano de vendas torna tudo muito recompensador.

Desafios, Projetos e Aprendizados

Qual foi o projeto mais desafiador que você já enfrentou?
Sem dúvida, o projeto de Gestão Integrada da Qualidade (IQM) com a VALE — uma iniciativa global voltada à integração da qualidade. Atuamos em diversas minas de Minas Gerais, desenvolvendo e validando modelos de teor para geologia de curto prazo. Foi tecnicamente complexo e exigiu muita colaboração entre as equipes da Datamine e da VALE. Além disso, foi um dos meus primeiros projetos na empresa, o que tornou a experiência ainda mais marcante.

De qual conquista profissional você mais se orgulha?
Apresentar e defender uma proposta de investimento para um projeto de mineração diretamente ao conselho da empresa (incluindo o CEO) e conseguir a aprovação. Recebi elogios pela clareza e profundidade técnica da apresentação. Foi um momento desafiador, para o qual me preparei bastante, e tenho muito orgulho do resultado.

Qual foi sua maior curva de aprendizado na mineração?
Aprender a trabalhar com diferentes perfis, gerações e estilos de comunicação. A mineração é uma indústria tradicional, com equipes diversas. Embora as habilidades técnicas possam ser adquiridas com estudo e prática, as soft skills, como empatia, colaboração e escuta ativa, foram meu maior (e mais transformador) aprendizado.

Perspectivas e Reflexões

Como o setor mudou desde que você começou e como você se adaptou?
A transformação digital se acelerou muito. Inteligência artificial, automação e ciência de dados já fazem parte do nosso dia a dia. Para acompanhar, aprofundei meus conhecimentos em linguagens de programação como Python e em ferramentas de integração de dados. Hoje, vejo como a mineração está mais conectada, inteligente e eficiente graças à tecnologia.

Qual conselho você daria para quem está começando na área?
Seja proativo, mantenha a curiosidade e esteja aberto para aprender com pessoas de diferentes áreas e experiências. Escute mais do que fala e se cerque de quem sabe mais do que você. O crescimento profissional acontece mais rápido (e com mais propósito) quando somos desafiados e inspirados por quem está ao nosso redor.

O que te motiva e te mantém apaixonada pelo que faz?
Aprender continuamente. Para mim, um dia sem aprendizado é um dia desperdiçado. Estar em um ambiente que me desafia intelectualmente e promove meu crescimento pessoal e profissional é o que mais me motiva.

Curiosidades e Futuro

Se você não estivesse na mineração, em que carreira se imaginaria?
Provavelmente teria seguido para a área da saúde. Antes de escolher engenharia de minas, pensava em cursar Medicina.

Qual mito sobre a mineração você gostaria de desmistificar?
A ideia de que mineração é sempre prejudicial ao meio ambiente ou à sociedade. Na verdade, o setor evoluiu muito (principalmente no Brasil), com regulamentações mais rigorosas e um compromisso crescente com a sustentabilidade, inovação e segurança. A mineração responsável não só é possível como já é uma realidade em muitas operações.

O que mais te entusiasma sobre o futuro da mineração e da tecnologia?
O que me anima é como a tecnologia está aprofundando nossa compreensão do subsolo. Com os avanços na integração de dados, IA e modelagem geológica, estamos indo além da simples estimativa de teor — estamos capturando toda a complexidade do maciço rochoso. Isso ajuda as empresas mineradoras a tomarem decisões mais rápidas, inteligentes e seguras. Fazer parte dessa transformação baseada em dados e saber que nosso trabalho molda o futuro da mineração é extremamente gratificante.

  • Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil